A primeira impressão (não) é a que fica!

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Faz muito tempo que quero escrever sobre as mudanças de projeto gráfico das revistas, só precisa de um gancho, os novos projetos da NewsWeek e da Carta Capital vieram bem acalhar para que eu pudesse escrever sobre o assunto. Sei que muita gente vai me criticar, até porque já fazem uns 15 dias que esse projetos estão nas bancas, mas como eu estava muito corrido e esse post precisava de uma reflexão maior, deixei pra escrever agora.

Enfim... vamos lá...! Desde que começei a trabalhar com design editorial, passei por 3 mudanças de projetos gráficos e 1 lançamento de título. (Pra quem tem pouco mais de 6 anos de profissão, é bastante ) Nas 4 ocasiões e nas vezes que assisti mudanças apenas como leitor, as impressões foram as mesmas, a primeira revista do projeto novo sempre fica aquém da real qualidade do projeto. Isso mesmo, a primeira edição aquela que vem com o selinho "novo projeto gráfico" que o diretor de redação fala no editorial, sempre da umas derrapadas. Vendo os projetos de NewsWeek e Carta Capital confirmei essa impressão.

Depois disso começei a pensar o que causa essas derrapadas, e acabei chegando a algumas hipóteses que coloco abaixo.

  • Exagero na utilização do novo conceito - Quando temos uma mudança muito drástica no projeto, a primeira edição sempre caba meio over. Tipo, a revista começa a usar tarjas em multiply sobre a foto, na primeira edição todo mundo vai querer usar esse conceito. Ai já viu ?
  • Pouco cuidado na micro-edição - Não adianta você querer fazer uma seção super complexa, se você deixa pra layoutar ela no dia do fechamento, a edição de boxizinhos, seções e etc. precisa do mesmo cuidado que o abre da matéria de capa.
  • Reciclagem do projeto antigo - Manter a colunagem, o base-line e só mudar fonte e paleta de cores não é mudar o projeto gráfico, isso no máximo da uma recauchutada.
  • Pressa e ou Pressão - Fazer um projeto do zero, bonitinho, requer tempo, bastante tempo, não dá pra fazer ele em 1 mês. As vezes ainda querem que você desenvolva o projeto novo em paralelo com a edição atual... fadado ao fracasso!
  • Preocupação excessiva com padrões antigos - Tudo bem, não é porque o projeto mudou, que o velho era um lixo e você tem de abstrair total dele. Mas, se mudou, é pra que coisas novas sejam feitas, é nessa hora que você TEM que experimentar.

Agora, não é pra levar isso a ferro e fogo ? Não sou nenhum Mr. Magazine, e muito menos dono da verdade. Mas tenho mais um argumento que ajuda a defender minha tese. A Esquire só é a Esquire porque eles tem um projeto mutante, a cada edição eles experimentam algo diferentes. Isso os diferencia das demais. E outra, eu não sou contra a mudança de projetos gráficos, pelo contrario acho muito legal participar desse tipo de mudança, só acho que um projeto não muda de uma edição pra outra, ele demora um tempo pra ser implantado e absorvido pela equipe de arte da revista.

Bom, e sobre a NewsWeek e a Carta Capital? Do projeto da NewsWeek eu vou esperar pra falar, a primeira edição está horrível, mas a segunda deu uma bela melhorada. Sobre a Carta Capital, você pode conferir no blog do meu amigo Alexandre Lucas (no post A nova cara da Carta Capital )

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